Seção de perguntas e respostas sobre a cidade de Silent Hill e outros segredos retirada do Guia Oficial da Konami, publicado em 1999. Esta é uma tradução livremente adaptada para o português, tomando como base a tradução para o inglês feita por fãs da série. É importante ressaltar que esta publicação, devido a sua data de publicação original, não leva em consideração as novas revelações advindas de Silent Hill 3 e Silent Hill: Origins, que se relacionam diretamente com o primeiro jogo da série e só seriam lançados posteriormente. Leia como algo histórico da série.
Pergunta 01: Que tal um panorama da cidade de Silent Hill?
À primeira vista, é uma cidade rural deserta, mas…
O cenário da história é uma cidade comum situada no nordeste dos Estados Unidos. Com menos de 30 mil habitantes, a economia do local é sustentada pelo turismo e, em menor medida, pela agricultura, embora o turismo venha apresentando um declínio constante. Há na cidade um movimento que deseja a modernização da infraestrutura turística do local, mas que sofre forte oposição da parcela conservadora da população. Esta característica paradoxal de isolamento e turismo, fez florescer no local o tráfico de drogas. Especula-se que um grupo religioso da cidade, de tamanho considerável, esteja envolvido de alguma forma com o crime.
Pergunta 02: O que aconteceu com os moradores de Silent Hill?
Isso é desconhecido. O que você imaginar de terrível e assustador pode ser a verdade.
Quando Harry acorda, a cidade já está deserta. O que aconteceu realmente não fica claro em nenhum momento do jogo. O que pode ser afirmado, com certeza, é que não se trata de uma situação normal.
É natural que o jogador, após a conclusão do jogo, questione sobre esse fenômeno. Todos morreram? O que acontece no mundo alternativo tem efeito sobre o mundo real? Foi tudo um sonho de Harry? Destas possibilidades, a mais provável é que os eventos do jogo tenham se passado apenas nos pesadelos de Alessa.
Desejo que aqueles que joguem Silent Hill assumam como verdade aquilo que mais os assustem.
Pergunta 03: Porque o contato entre Silent Hill e o mundo exterior é cortada?
Não se sabe. A linha que separa sonho e realidade é confusa.
Todas as estradas que saem da cidade desabaram, como se um forte terremoto tivesse acontecido. Se não é possível entender o que aconteceu de fato com a cidade, esta pergunta também não pode ser respondida. O que é certo é que a fronteira entre o real e o irreal é confusa. Pode ser que a cidade tenha se movido para outro lugar físico, para ou outra dimensão ou pode ser que tudo esteja apenas nos sonhos de alguém. Será que o mundo real está além das estradas destruídas?
Pergunta 04: De onde vieram os monstros?
Eles nasceram das obsessões, compulsões e sofrimentos de Alessa.
Esses monstros que vagam pela cidade vazia são os mesmos que habitam os pesadelos de Alessa. Todos estão relacionados de alguma maneira com fenômenos ligados à sua memória e têm como gatilhos o estresse, pressão e um estrado mental ansioso. Por exemplo, os pterossauros encontrados pela cidade têm origem nas ilustrações de um dos livros preferidos de Alessa, O Mundo Perdido. As lagartas e mariposas vêm da decoração de seu quarto.
Pergunta 05: Por que a cidade fica escura de repente?
Mesmo num mundo de pesadelo, existe um ciclo.
Ao longo do jogo, a noite chega em várias ocasiões enquanto Harry se movimenta pela cidade. Isso ocorre porque há um ciclo nos pesadelos de Alessa que envolvem a cidade. Normalmente, ao dormir, uma pessoa repete o sono REM e o sono não-REM em intervalos regulares. Da mesma forma, Alessa alterna esses estados em seus pesadelos. Quando há a transição para o sono REM, o mundo de pesadelos de Alessa se aproxima da escuridão profunda até que um novo ciclo se inicie. As diferenças entre esses estados não implicam que um é a realidade e o outro é um sonho. O fato é que nenhum dos momentos é a realidade. Tudo isso, aliado às dores e sofrimentos de Alessa, tornam-se o alimento que faz prosperar a divindade malévola que gesta em seu interior.
Pergunta 06: Quais eram as intenções de Dahlia?
Realizar o desejo de longa data do culto religioso ao qual ela pertence.
Dahlia Gillespie aparece aproximadamente na metade do jogo e começa a sugerir as ações a serem tomadas por Harry. Na parte do final do jogo, ficamos sabendo que ela é a principal responsável pelos acontecimentos até ali, apoiada sempre em seus motivos religiosos. Embora não seja mencionado no jogo, Dahlia tem o papel de médium líder do culto estabelecido no submundo da cidade de Silent Hill.
A doutrina desse culto é enraizada em tradições locais e versam sobre o deus da terra, não possuindo ligação com qualquer religião da realidade. De forma resumida, o culto de Dahlia deseja despertar um deus malévolo que desencadeará destruição ilimitada no mundo. Dessa forma, todos os pecados serão lavados, as pessoas serão libertas de seus sofrimentos e conseguirão adentrar no verdadeiro paraíso.
A prática de impregnar o ventre de uma mulher humana com o deus malévolo foi tentada várias vezes, porém sem sucesso. Entre os vários misteriosos desaparecimentos ocorridos na cidade, alguns casos foram de meninas raptadas para serem mães de aluguel, embora a maioria tenha sido de garotas que cansadas da vida no campo, partiram para a cidade.
Pergunta 07: Qual a causa do incêndio iniciado há sete anos?
Um ritual de Dahlia usando Alessa.
Dahlia pensou que Alessa seguiria naturalmente seus passos como médium do culto, mas percebeu que teria mais chances de atingir seus objetivos se a usasse como a mãe escolhida para conceber o deus desejado. Dessa forma, sete anos antes dos acontecimentos do jogo, Dahlia realiza o ritual necessário no porão de sua própria casa. O processo envolveu muito fogo, que acabou por se espalhar pelo local.
Há informações no jogo que indicam que seis casas pegaram fogo e foram destruídas no centro comercial da cidade. O local exato do incêndio não pode ser localizado no mapa de Harry. É possível que essas casas atingidas pelo incêndio tenham sido completamente demolidas ou reconstruídas nesse período de sete anos.
Pergunta 08: Alessa morreu no incêndio?
Não. Ela sobreviveu.
No jogo, é dito que o corpo carbonizado de Alessa foi encontrado. Embora os registros oficiais afirmem que ela tenha morrido no incêndio, ela foi secretamente transferida para os porões do Hospital Alchemilla e mantida viva durante esses sete anos. Kaufmann preparou um corpo que foi enterrado como Alessa. É possível que ele tenha sido também o responsável por sua autópsia.
O método de Dahlia para trazer o deus do culto quase teve sucesso com o procedimento realizado em Alessa. Durante o processo, no entanto, Alessa deixou que metade de sua alma escapasse, inviabilizando o ritual. Em resumo, mesmo com o deus embrionário em seu ventre, o ritual ficou em um estado suspenso.
Alessa sofreu graves queimaduras por todo o corpo, que teriam sido fatais, não fosse a entidade em seu corpo que a mantinha viva. Em paralelo, Dahlia infringiu terríveis dores em Alessa durante todos os sete anos, de forma que a metade perdida de sua alma pudesse responder e retornar. Essa parte de sua alma era Cheryl. Se as duas partes da alma fossem reunidas, o deus malévolo finalmente despertaria em sua plenitude. O sofrimento tinha a intenção de fazer com que Alessa buscasse ajuda em Cheryl.
Aliás, o que parecem ser cadáveres podem ser vistos nos locais que levam ao “outro” mundo. Essas figuras vestem o manto cerimonial do culto. Talvez eles sejam manifestados devido ao ressentimento de Alessa com o culto.

Pergunta 09: Cheryl sabia que era filha de Alessa?
Não, ela não sabia.
Embora Cheryl fosse metade/“outro eu” de Alessa, ela não tinha conhecimento disso. Quando ela insistiu a Harry para que fossem de férias para Silent Hill, foi porque a sensação de sofrimento de Alessa a alcançou. Por sete anos, Alessa suportou todo o sofrimento infringido pelo deus malévolo, Dahlia e o culto porque ela não queria destruir qualquer mínima felicidade que seu outro eu pudesse desfrutar. Pouco a pouco, porém, o encantamento de Dahlia tornou-se maior do que Alessa podia suportar. Foi assim, com o sentimento de que alguém a chamava, que Cheryl veio para Silent Hill com Harry.
Pergunta 10: Quando Cheryl e Alessa se reuniram?
Durante os momentos iniciais da história.
Embora o momento exato não seja especificado, não há dúvidas de que foi no estágio inicial da história. O desaparecimento de Cheryl no beco aconteceu porque o pesadelo de Alessa invadiu os sonhos de Harry. O jogo também apresenta uma versão Alessa criança e uma versão mais velha, já adolescente. Um é o seu eu real e atual e o outro um fantasma de sua versão de sete anos antes.
Ao se fundir com Cheryl, Alessa, em sua idade real, renasceu de suas queimaduras graves e quebrou o feitiço que Dahlia e os sacerdotes do culto tinham usado para limitar as suas ações. Após a reunião, os poderes psíquicos de Alessa, como teletransporte, se manifestaram. Poderes que, em circunstâncias normais, dificilmente viriam à tona.
Pergunta 11: O que era a marca de Samael?
A verdade é que não há um significado profundo.
Dahlia usa o termo “marca de Samael” ao conversar com Harry. Este é um estratagema para fazer com que Harry pense que coisas terríveis estavam acontecendo e precisavam ser paradas com urgência. Dahlia pensou que poderia usar Harry para encontrar Alessa, então usou termos incompreensíveis com sinceridade fingida.
Pergunta 12: O que é o selo de Metraton?
É como um feitiço de aniquilação.
O que Alessa estava criando era o selo de Metraton. O nome é derivado do anjo da libertação do sistema cabalístico. Presa pelo feitiço do culto e vivendo em interminável agonia, seu desejo era alcançar a morte. Como era impossível morrer de forma normal sob influência da entidade malévola, Alessa pretendia alcançar seu objetivo pelo poder do selo de Metraton.
Quando Alessa e Cheryl se reuniram, ela ganhou o poder de escapar do feitiço do culto, porém o processo de gestação do deus malévolo retomou seu processo de maturação. Alessa passou a disputar uma corrida entre a conclusão do selo e o nascimento do deus.
Pergunta 13: Quem construiu a “outra igreja” e qual era o seu propósito?
Dahlia a construiu com base nas doutrinas do culto.
A “outra igreja” foi construída como a que estava originalmente na casa de Dahlia, que era usada para seu culto diário. Ela aparece no final do jogo devido às lembranças de Alessa, obrigada a adorar no altar de sua casa quando criança.
Pergunta 14: Que tipo de relacionamento havia entre Kaufmann e Dahlia?
Um relacionamento centrado em drogas e magia.
Dahlia e Kaufmann estavam ligados pelo comércio de White Claudia, usada para processar o PTV. O culto usa a White Claudia, matéria-prima da droga, em seus rituais desde a antiguidade. Em suma, apesar de o culto religioso de Dahlia ser um grupo secreto, eles ganharam estrutura e capacidade organizacional que lhes permitiam fabricar entorpecentes fora do alcance das autoridades policiais. A White Claudia, refinada como a potente PTV, era contrabandeada para fora do culto e vendida aos turistas que visitavam Silent Hill. Em troca, Kaufmann realizava transações médicas ilegais, como autópsias, desvio de produtos farmacêuticos e, após o incêndio corrido sete anos antes, cuidar de Alessa no hospital tornou-se também um ponto de barganha.
O desejo principal de Kaufmann era o lucro gerado pela droga. Sendo realista por natureza, não acreditava em coisas como magia negra e feitiços. Ele aceitou a responsabilidade de cuidar de Alessa apenas para que a White Claudia continuasse fluindo através da seita. No entanto, a partir do momento em que testemunhou o assassinato de um agente policial que investigava o tráfico de drogas e do prefeito da cidade, ambos realizados através do poder extraído do embrião do deus malévolo, percebeu que se a magia fosse algo que pudesse ser usada a seu favor, ele a usaria.
Aliás, as misteriosas mortes de integrantes do grupo que deseja o desenvolvimento turístico da cidade, citada por Lisa em sua conversa com Harry, são uma espécie de lenda urbana no local. Não é possível afirmar que isso realmente tenha acontecido.
Pergunta 15: Quem é Norman Young, o gerente do Armazém Geral?
Um ex-colega de Kaufmann.
Norman Young já esteve envolvido no tráfico de drogas em seu início, junto com Kaufmann, mas se afastou pois o risco era muito grande. Ele não era integrante do culto, mas havia ouvido conversas de que Kaufmann estava envolvido com ações inquietantes junto ao grupo. Alguns fatos, como ter sido solicitado a levar comida para o motel, pode levar a se supor que ele tenha sido uma espécie de capanga de Kaufmann. Em todo caso, Young não é alguém relevante para os eventos de Silent Hill.
Pergunta 16: O que os Flauros podem fazer?
Eles possuem tremendos poderes mágicos.
Acredita-se que poderosas habilidades mágicas estão adormecidas dentro dos Flauros, que foram escavados em antigas ruínas na cidade. Dahlia preparou o Flauros como um trunfo que seria apenas dela.
Quanto à etimologia, Flauros é um dos 72 espíritos de Salomão e alguém que possui as características de um antagonista.
Pergunta 17: O que é aglaophotis?
O último recurso contra o deus malévolo?
O culto religioso de Dahlia, como mencionado anteriormente, possui uma estrutura totalmente separada de qualquer doutrina religiosa que existe na realidade, embora em alguns casos os seus conceitos e termos sejam apropriados de outras terminologias religiosas por pura conveniência. Isso se deve ao seu aspecto de “nova religião”. Aglaophotis é um termo da Cabala que tem o significado aproximado de amuleto. Dahlia e outros do culto o usarem pode significar que era algo que pudesse conter a entidade malévola.
Kaufmann, que estava ciente de sua existência, secretamente obteve aglaophotis, o dividindo e escondendo para o caso de ser necessário no futuro. Aglaophotis é muito raro, o que deve ter demandado um grande esforço de Kaufmann para obtê-lo. É um fato que indica que, apesar do relacionamento de cooperação, Kaufmann nutria desconfianças de Dahlia e outros do grupo.